Quando se fala de Nietzsche (1844
- 1900) , quando se pensa em Nietzche, logo se pensa em um homem contrário
a fé, em um anticristo.
Isso evidentemente devido a seus escritos, sua
visão. Patente na obra "O anticristo", ou em "Assim
falou Zaratustra", em sua sentença : "Deus está morto".
De fato em uma visão superficial é isso que
transparece, mas será que era isso que Ele estava dizendo, será realmente essa
a forma correta de interpretá-lo ?
Não me proponho a defendê-lo e nem lançar algo
novo, haja vista que essa mesma interpretação que vou expor já foi antevista
por homens do calibre de Leonardo Boff. Quero apenas registrar em meu
blog e acrescentar um pouco do meu entendimento.
Nietzsche se via como um ateu convicto, mas se tomarmos
tento, vamos perceber que Ele está mais pra gnóstico, isso por que, Ele não
disse que Deus não existia, mas deixar claro que não consegue entender a Deus,
não consegue rotulá-lo e tê-lo inserido, enlatado dentro de ritos litúrgicos ou
dogmas religiosos, Ele sente que Deus é concreto, porém foge a sua compreensão.
É digno de nota que Nietzsche era um homem muito
inteligente, mas ainda assim um homem.
"deus está morto", esse deus é o deus
da igreja católica, a qual Nietzsche era ferrenho opositor. Defendia o conceito
do Super-homem que rejeita a submissão e a passividade encorajada pelo
cristianismo. Que para ele era uma "moralidade escrava".
Esse é o ponto, ele era contra o cristianismo
e não contra o Cristo, aliás entre os representantes do Super-homem está Jesus
(além de Sócrates, Napoleão e Shakespeare).
Cristianismo para Nietzsche era sinônimo de casa
de ópio, contudo não estou sendo partidário de suas asseverações, mas sejamos
francos ele não estava de todo errado (basta ver hoje os mercadores da fé que encontramos na mídia "ungindo" meias, cobrando "trízimos", pregando um deus de barganhas).
Para o filósofo que era, viu com olhar racional
toda a manipulação que repousava (e ainda repousa) nas classes sacerdotais que
movem os fiéis na direção que convém aos homens sem que necessariamente seja a
mesma direção almejada por Deus.
Inclusive o Super-homem desdenha não somente a
autoridade eclesiástica, mas também toda autoridade constituída (que tende ao
despotismo).
Infelizmente em sua busca e suas resoluções
morreu enlouquecido, sem visualizar o todo, mas somente parte. Conseguiu ver o
deus morto das classes sacerdotais mas não viu o Deus Vivo imanente na Vida
de Jesus o Cristo.
"Disse-lhe
Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem
me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?" - João
14 : 9
"Eu e o Pai
somos um."- João 10 : 30
A presente oração é atribuída a Nietzsche, nela
podemos ver a dúvida, a busca e os anseios do grande filósofo.
Oração ao Deus desconhecido
Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para
frente uma vez mais, elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de
quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares
festivos para que, em Cada momento, Tua voz me pudesse chamar.
Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras:
"Ao Deus desconhecido”.
Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos
sacrílegos.
Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-lo.
Eu quero Te conhecer, desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero Te conhecer,
quero servir só a Ti.
Friedrich Nietzsche
Tradução de Leonardo Boff.
"Porque, passando eu e vendo os vossos
santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS
DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos
anuncio.
O Deus que fez o mundo e tudo que nele há,
sendo Senhor do céu e da terra, não
habita em templos feitos por mãos de homens;
Nem tampouco é servido por mãos de homens, como
que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a
respiração, e todas as coisas;"
Atos 17:23-25